[Ficha] Zen

who i am?

A vanguarda se agitava e a bastilha se agitava; Gritos ecoavam em todos os cantos, estes de dor, sofrimento, perda e em contrapartida,  e de muito longe, felicidade. Dentro de uma igreja enfermeiras e religiosas andarilhavam de um canto para outro, enquanto rapinas brancas davam voltas no edifício. Uma mulher de madeixas brancas fazia um esforço imenso para que o que habitava seu útero deslizasse logo para seu colo e encontrasse a saída, mas cada tentativa, era um fracasso. As enfermeiras viram que algo estava errado e decidiram efetuar o parto de outra maneira; em uma rápida e arriscada incisão até seu tecido gorduroso, e em seguida cortes no músculo reto-abdominal, até chegar em uma camada fina, e a cortarem também. O recém-nascido foi retirado, mas a mãe sofria com cada corte e violação em seu corpo.

Um homem com os cabelos da mesma cor da mãe que ali jazia quase morta apenas desejando agarrar seu filho levou o bebê em seus braços e foi embora através de uma passagem oculta, enquanto o lugar era consumido por chamas.


Zen despertou e se viu deitado em um banco de madeira ao ar livre. Pessoas passavam e o olhavam,  e através do fluxo ele percebeu que já era mais ou menos meio-dia. Lembrava-se somente de sentar ali na noite passada, e de nada mais. Com suas mãos inquietas procurou um livro em seu corpo com um medo imenso dele ter sumido. Com uma felicidade imensa, achou embaixo do banco, e dali saiu e começou a caminhar. Não sabia o que comeria, talvez teria que roubar alguma coisa novamente, e depois, fazer seu treino diário, e em seguida, procurar um local para dormir. Mesmo seus dias sendo totalmente indecifráveis ele continuava feliz. Encontrou aquele vilarejo após dias e dias seguindo o mapa de seu pai, e o mínimo de socialização fez seu peito queimar. Apenas não conseguia decifrar os próximos passos no diário de seu pai, havia pontos de referência e desenhos em localizações que parecia não mais existir, e ele não conseguia interpretar metaforicamente o que talvez significasse.

estou na mais repleta escuridão. sempre soube o que fazer e como meus dias seriam lendo os resquícios de pensamentos do meu pai. quando as páginas não rasgadas, eu sabia exatamente o que eu era e o que eu tinha que fazer. mas agora estou quase no ponto final, perdido, me sentindo um tolo. não sei o que fazer e o meu futuro aparenta depender unicamente de mim. eu já não sei mais quem eu sou, eu já não sei mais quem eu tenho que ser, eu já não sei mais nem porque existir.

O jovem de cabelos brancos arquivou em seu próprio diário seu pensamento e olhou-se no reflexo da água. Seus cabelos possuíam uma cor diferente, seu rosto continha uma cicatriz que ele não sabia de onde vinha, seus últimos anos aparentavam ter sumido de sua cabeça. Ele se sentia um total estrangeiro naquele local. Ele nunca pertenceu a lugar algum.

— Jovem?  — Uma voz chamou-o, e Zen virou-se. Era um homem com, aproximadamente, quarenta anos. Seu cabelo, sobrancelha e até mesmo barba eram brancas. Era como se o ele estivesse olhando a si diante de um espelho, só que mais velho e também mais feio. O homem olhou-o e viu dois diários em suas mãos, ambos com os mesmos aspectos, somente cores diferentes.  — Eu sei exatamente quem você é, siga-me. — O homem saiu andando e a criança não contestou e foi atrás. Aquilo não estava prescrito em seu diário, ele não sabia o que fazer, mas sentiu que devia fazer.


Passou alguns anos desde que Zen entrou na casa de um desconhecido que hoje considerava sua única família. Fora uma criança tola, talvez se tivesse uma mãe que diria pra ele não falar com desconhecidos não teria feito isso, mas fez. Aquele homem dizia conhecer seu pai, e lhe contara o mínimo da história que sabia. Uma tragédia matou seus pais, bla bla bla, você carrega o sangue deles e tudo mais. Mas o mais importante, ele tinha uma identidade: um Hatake. Agora se sentia alguém e tinha um nome pra carregar nas costas. Não sabia porque mas aquilo lhe deu um ânimo que nunca teve antes. Era como se tivesse algum objetivo de vida, estes reerguer seu clã e se tornar uma pessoa mais forte. Agora tinha moradia, agora era alguém, agora desejava cada vez mais a ascensão. Agora Zen era alguém e não somente as sombras de seu pai.

"Buscando o significado do passado e criando meu próprio futuro."

Jutsus